As inovações tecnológicas produzem uma nova ordem econômica e social baseada em práticas veladas de extração, predição e vendas de dados. Tal fenômeno permite a maximização do lucro das organizações e potencializa a expropriação de direitos e de captura das experiências humanas, resultando em um discurso de solucionismo neutro tecnológico, indispensável para o crescimento e a produtividade das organizações. Essa racionalidade tecnológica tem permitido a reconfiguração das organizacionais, bem como o controle das ações e disputa de poder por meio de aplicativos de serviços, mídias sociais e gestão algorítmica.
Esse fenômeno acentua a (re)produção de desigualdade, exclusão e discriminação social, além de legitimar grupos, organizações e práticas inadequadas (como o cybercrime, a disseminação de fake news e crimes corporativos). Problematizar a ética das tecnologias digitais, expondo suas predisposições para (re)produzir privilégios e manter lógicas hegemônicas, é uma agenda necessária que contribui para a discussão de discriminação de gênero, raça, entre outras questões sociais importantes.
A chamada pretende reunir abordagens e métodos plurais, instigando o desenvolvimento de pesquisas sobre o mundo digitalizado e os estudos organizacionais, focando nas assimetrias de poder entre usuários, trabalhadores, plataformas digitais, tal como, o papel do Estado na mediação e controle dessas relações.
Para isso, são propostas sete temáticas principais:
1) Capitalismo de vigilância, colonialismo de dados, cultura de vigilância e gestão por algoritmo;
2) Meaningful work e o significado dos trabalhos digitalizados;
3) Digitalização como ferramenta de desigualdade, exclusão e discriminação;
4) Poder e tecnorresistência;
5) Mídias Sociais e identidade;
6) Inteligência Artificial e suas repercussões nas organizações como meios de opressão e formas de resistência;
7) Plataformas digitais como espaços de disputas organizacionais, disseminação de fake news, e outras práticas que visam prejudicar reputações e legitimar práticas inadequadas;
8) Plataformização da sociedade e a reorganização de práticas e construções simbólicas culturais.